Arte no Escuro
Herdeiro da tradição gótica de bandas inglesas como Bauhaus e The Cure, o grupo formado em abril de 1985 por Luiz Antônio Alves, o Lui (vocal), Pedro Hyena (baixo - ex-Sociais), Adriano Lívio (guitarra) e Paulo Coelho (bateria), agradava pelo sua estética e clima sombrio. Lui ficou mais famoso pela sua estampa na capa do segundo disco dos Paralamas do Sucesso: O Passo do Lui.
A estréia da banda em palcos brasilienses ocorreu em um cenário conhecido no circuito da Turma da Colina: Departamento de Arquitetura da UnB, cenário de festas e shows de várias bandas da cidade - Capital Inicial e Plebe Rude, inclusive. A apresentação ficou marcada por uma performance digna dos happenings de grupos ingleses: enquanto cantava Beije-me Cowboy, Lui joga sobre si um balde de tinta preta. Surpresa e frisson na platéia. No dia seguinte, os comentários nas rodinhas da capital era da estréia de fogo da banda.
Infelizmente, logo depois desse show, Lui abandona a banda e deixa Brasília. Parte para o Rio, onde continuaria seu trabalho como artista plástico. Segundo Pedro, a banda engataria nessa segunda fase. O vocalista foi substituído por Marielle Loyola (vocais – ex-Escola de Escândalos e, depois, Volkana), em fevereiro de 1986. Em seguida, o grupo - que dividia uma sala de ensaios com o Finis Africae - grava sua primeira demo.
O som cheio de climas, vocais sussurrados, baixos melódicos e guitarras intimistas levou a banda rapidamente a despertar interesse das gravadoras, ávidas por encontrar novas "Legiões Urbanas". As letras também carregavam em sutilezas, repleta de metáforas e fugindo do lugar-comum dos rocks de protesto. "Nada é verdade absoluta, cada pessoa entende uma coisa", declarou Pedro Hyena, autor da maioria das letras.
O som chegou a ser rotulado de dark, um neologismo bobo em voga nas grandes cidades, naquela época. "Isso é só modismo", atacou Pedro. A fita demo, àquela altura, já tocava diariamente na programação da Rádio Fluminense, no Rio, responsável pelo boom de muitas das bandas de Brasília - dos Paralamas até a Escola de Escândalos. Na seqüência, em 1987, o Arte no Escuro grava um disco pela EMI, lançado no ano seguinte, cujo maior sucesso foi Beije-me Cowboy e As Rosas, com produção de Gutje Woortmann, da Plebe Rude.
Segundo Pedro, foram vendidas pouco mais de 3,5 mil cópias. O LP hoje é tratado como raridade, sendo disputado em sebos do disco pelo país. A baixa vendagem e o clima de aperto geral na economia levam a EMI a descartar a banda, em 1988. "Com o sucesso de vendas alcançado pelas bandas de Brasília nos anos 80, chegamos a receber ofertas para retornar ao estúdio e para apresentações, ofertas que a banda descartou com dignidade", disse Pedro.
Dois anos depois, a banda se dissolveria, com Marielle integrando no início dos anos 90 a banda de trash metal Volkana, formada só por mulheres, ao lado de Mila (ex-Detrito Federal). Radicada atualmente em Curitiba, Marielle está cantando na banda Cores D Flores.
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